quarta-feira, 15 de abril de 2015

Gisele Bündchen deixa as passarelas, mas seguirá à frente dos holofotes

Depois do desfile da noite desta quarta-feira, na São Paulo Fashion Week, a top model brasileira seguirá com novos projetos para a carreira


São Paulo - Nesta quarta-feira, quando Gisele Bündchen desfilar no São Paulo Fashion Week pela marca Colcci, a modelo brasileira encerrará um ciclo. Depois de 20 anos de carreira, a top mais bem paga do mundo decidiu abandonar oficialmente as passarelas. Decisão que não chega a surpreender, pois nos últimos anos a brasileira diminuiu a quantidade de aparições em desfiles de moda para se dedicar a projetos próprios e à família.

“Esse é o último desfile, mas ela tem uma série de outras ampliações que continuarão perfeitamente viáveis, como fazer vídeo, fotografia, dar palestras, por exemplo. Gisele Bündchen se constituiu em uma marca. A imagem da top é muito forte, é uma espécie de midas e tudo em que enveredar vai para frente, seja em algum projeto de treinamento de modelos seja um programa televisivo”, defende o pesquisador em moda Marco Antônio Vieira.

A artista é cotada para participar da próxima novela das 19h da Rede Globo, 'I love Paraisópolis'. Se confirmado, essa não será a primeira vez que Gisele vai encarnar a faceta de atriz. Em 2004, a brasileira estrelou o filme 'Taxi', ao lado de astros como Jimmy Fallon e Queen Latifah. A participação não foi das mais elogiadas, mas garantiu uma ponta, dois anos depois, em 'O diabo veste Prada', com Meryl Streep e Anne Hathaway. O canal GNT, que exibe o desfile nesta quarta, a partir das 18h, lançará um programa especial em comemoração aos 20 anos da carreira da supermodel.


No Instagram, Gisele postou foto com a enigmática mensagem: 'O melhor ainda está por vir'
A vez da celebridade

A despedida da brasileira, nascida em Horizontina (interior do Rio Grande do Sul) e descoberta por um olheiro aos 14 anos, não significa que Gisele sairá de cena. A artista conseguiu transcender as expectativas em relação a uma modelo. Considerada uma das personalidades mais importantes do planeta, a top é uma celebridade que tem os passos e a vida acompanhados por todo o mundo, principalmente nas redes sociais — no Facebook, ela é seguida por 5 milhões de pessoas, no Instagram o número chega a 4,6 milhões e no Twitter são 2,61 milhões de fãs.

“O que eu acho mais bacana da Gisele é que ela ultrapassou as barreiras e está mais poderosa a cada ano. Por mais que abandone as passarelas, ela ainda tem muitas outras campanhas e produtos licenciados, além das causas sociais que apoia. Esse é o momento em que ela associará sua marca a coisas que tem mais a ver com a verdade dela”, explica Carla Lemos, responsável pelo site Modices.

Será que ela para?

Nos bastidores do SPFW ninguém acredita em uma aposentadoria definitiva de Gisele Bündchen. A diretora da revista Vogue no Brasil, Daniela Falcão, disse que a modelo não vai parar de desfilar. “Isso é apenas uma pausa”, declara.

A professora de Moda do ESPM Iesa Rodrigues cobre o São Paulo Fashion Week desde a primeira edição. A especialista diz se lembrar de Gisele Bündchen ainda como uma menina de buchecha rechonchuda e que era só mais uma no meio da multidão nos anos 2000. Iesa argumenta que a modelo escolheu fazer o último desfile no Brasil pela ligação familiar com o país. “O mundo conhece a Gisele como brasileira. Ela é a maior vitrine do Brasil e conseguiu popularizar a moda no país”, afirma.

A chegada

A modelo chegou na manhã de terça-feira (14/4) ao Brasil. A top desembarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. Sozinha, Gisele foi escoltada por três seguranças. Básica, a modelo estava de blusa branca, calça preta, óculos escuros e cabelos soltos. A gaúcha seguiu até o carro sem dar entrevistas, apenas acenando para os fãs e paparazzis que a acompanhavam.

De acordo com sites norte americanos, o marido, Tom Brady, e os filhos Benjamin, 5 anos, e Vivian, 2, não virão ao Brasil. A  assessoria da Colcci não confirmou a lista de convidados, mas os pais e as cinco irmãs são esperados.

A era Bündchen

Gisele não seria Gisele se não fossem aqueles poucos metros de passarela. A modelo começou a carreira, aos 14 anos, desfilando. Ali, também, foi eternizada como “a-toda-poderosa-da-moda”. O andar forte, sexy e determinado chamou atenção da editora da Vogue americana Anna Wintour que, nos anos 2000, declarou que o corpo, o rosto e o jeito da modelo seriam a marca registrada daquela década — ela aparecia como contraponto à androgenia de Kate Moss, representante da trupe Heroine Chic.

Durante esses quase vinte anos de dominação da indústria da moda, a übermodel ditou os rumos da beleza mundial. As curvas acentuadas, para os parâmetros da moda, trouxeram de volta aos desfiles as mulheres sexys e saudáveis — que dominaram as passarelas nos anos 1980. As apresentações da loja de lingerie da Victoria’s Secret resumem bem a influência dela no mercado. Gisele, abriu portas para outras modelos brasileiras e, também, conseguiu ajudar estilistas nacionais a desbravarem rumos internacionais.

Novo momento

A maior importância para o mercado, entretanto, foi a habilidade de transformar sua imagem em marca. Ela tem um estilo pessoal marcante, uma atitude mais altiva diante das demais companheiras de profissão e postura corporal. Com profissionalismo, transcendeu as passarelas para vender seu estilo de vida. “É um novo momento profissional da Gisele, sua marca terá uma amplitude maior. Ela sempre trabalhou com o corpo e agora vai dar um outro sentido à imagem. Afinal, o corpo não é eterno. Agora, as propostas vão ter conceito e não somente a beleza”, avalia Andreia Miron, coolhunter e professora da Faculdade Santa Marcelina.

“De uma maneira a imagem dela estará associada a esses novos projetos. Mas ela não precisa estar pessoalmente para divulgá-la. Podem esperar também menos exposição do corpo e mais enfoque no rosto”, analisa Miron. A especialista acredita que isso não significa que ela não possa fazer campanhas para outras marcas ou voltar às passarelas.




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