“Nós sabemos que não jogamos bem. Os jogadores também.”. Scolari resumiu bem o jogo.
O Brasil não jogou bem, mas venceu. Ou o certo seria: o Brasil não jogou bem E venceu?
No 4-2-3-1, Neymar começou no centro e
embolava com Oscar, que tentava abrir para Daniel Alves, sem sucesso. Ao
contrário dos últimos jogos, Luiz Gustavo alinhou com Paulinho, o
principal encarregado de levar a bola ao setor ofensivo. O Uruguai
começou pressionando no 4-3-3 que logo virava 4-3-1-2 com Forlán
recuando para puxar a marcação e armar o time.
Júlio César salvou penalti do afobado
David Luiz e mostrou a sua estrela e também a de Felipão, que deu total
confiança para o criticado guarda-redes que falhou na Copa de 2010.
Muitos problemas na saída de bola
brasileira com a marcação a la Bayern do Uruguai: zagueiros brasileiros
livres, Forlán voltando com paulinho, Cavani e Suarez fechando os
espaços dos laterais num 4-1-4-1 que matou todas as opções de passe do
Brasil. Interessante notar que Paulinho recebia a bola quase sempre
livre, mas não tinha para quem tocar.
Paulinho recebeu bola limpa, viu e lançou Neymar, que saiu do caixote dos 3 jogadores uruguaios e Fred empurrou para o gol.
Sorte? Momento bom? Não, gol de centroavante, esse tão criticado e tão importante jogador no futebol de ontem e de hoje.
O Uruguai desconcentrou a compactação
por um único momento e levou o gol. Esse é o perigo de times que jogam
com muita intensidade: a dificuldade de concentração nos 90 minutos. Um
momento, uma chance e o resultado pode ser adverso. Para explorar isso, o
centroavante definidor, que em uma bola faz o gol.
Se o Brasil não jogou bem, finalizou
mais que o Uruguai: 4 chutes, versus 3 da Celeste. Errou mais passes –
19 contra 13, natural pela marcação muito entreita do Uruguai. Terminou
com 67% de posse de bola, mas o gol saiu em transição, na velocidade.
O Uruguai conseguiu o gol quando Thiago
Silva não “zagueirou”, Marcelo cortou mal e Cavani empurrou para as
redes. O chutão, tão criticado e feio, seria a melhor opção.
O Uruguai soltou mais os laterais,
prendeu Cavani para vigiar Marcelo e ajudar Maxi Pereira no combate a
Neymar e continuou com a marcação ferrenha. Mais desorganizado do que o
primeiro tempo, o Brasil não se achou nos 15 minutos da etapa
complementar e concentrou o jogo na “posse inócua” no meio campo, com
Paulinho mais avançado, quase num 4-1-4-1.
Felipão viu e agiu: Bernard no lugar de
Hulk, que não foi bem nem no ataque, nem na defesa. Quando atacou, o
Brasil não superou o paredão uruguaio na defesa, apesar de organizado e
com Bernard e Oscar acordados. Quando defendeu, tirou as bolas do
Uruguai pelo alto, apesar dos sustos que preocupam.
Com Hernanes, Paulinho foi liberado para
avançar mais a frente, apesar da fase no jogo onde o meio-de-campo
desapareceu: o Uruguai chutava muito de fora da área e apostava nos
escanteios, enquanto o Brasil empilhava jogadores, mas não tinha
coordenação nos movimentos.
Quando o jogo se encaminhava para o
empate, apareceu outro elemento tão crucificado: o escanteio. Paulinho,
ao estilo de impulsão e elemento surpresa que o consagrou, marcou aos 42
do segundo tempo e colocou o Brasil na final.
Na raça e motivação, típicas de Scolari, o Brasil encontrou muitas dificuldades, mas venceu.
Jogar bem ou melhor que o adversário não significa vencer.
Fazer mais gols que o oponente sim. E para isso acontecer, ainda há muito o que melhorar. Todos sabem disso.
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