Funcionário do Cruzeiro morava em caixa de papelão e comia restos nos lixos durante a infância; em 2000, teve ajuda de Felipão para sair da favela e comprar um apartamento
A Toca da Raposa II ficou pequena para abrigar a alegria de Edmar Antônio da Silva, nesta quinta-feira. Conhecido como Tita, o massagista cruzeirense foi convocado para a Seleção Brasileira pela primeira vez e mais parecia uma criança ao comemorar o feito.Tita revelou que passou dificuldade financeira durante toda a vida, até chegar ao Cruzeiro, há 14 anos. “Sou da Pedreira Prado Lopes, fui criado na rua, passei muitas dificuldades, muitos apertos e necessidades. Já morei dentro de caixa de papelão, catava resto de comida dos bandejões, ia comer na feira dos produtores, mas nunca desviei uma agulha de ninguém, nunca dei um prejuízo a ninguém. Deus é maior, o Homem hoje está me dando um retorno”, disse Tita, emocionado.
O massagista revela que morava na favela até 2001, quando o técnico Luiz Felipe Scolari, naquela época no Cruzeiro, o ajudou a comprar um apartamento. Tita não esconde a felicidade de poder trabalhar novamente com o amigo Felipão.
“Nessa época eu morava na Vila São José, em um barracãozinho do tamanho de uma dessas cabines de transmissão que vocês trabalham. O Felipão quis me levar em casa um dia, porque eu estava carregando nas costas uma cesta básica pesada, e, quando viu onde eu morava, falou ‘você não pode morar aí’. Naquele ano, a gente foi campeão da Sul-Minas contra o Coritiba e o Felipão me deu todo o bicho dele, eram R$ 18 mil. Os outros jogadores também inteiraram e eu pude comprar um apartamento, saí da favela. O Felipão só tem cara de sargentão, mas é gente fina”, disse, descontraído.
Sonhos maiores
Audacioso e divertido, Tita não esconde que seu maior sonho é participar da Copa do Mundo do ano que vem como integrante da comissão da Seleção Brasileira. Caso o hexacampeonato seja conquistado, o massagista oferecerá para todas as crianças de rua. Na sala de imprensa da Toca da Raposa II, ele brincou com os jornalistas e disse que se sentiu como “gente grande”.
“Quero agradecer a todos vocês pelo carinho comigo, a paciência de me tolerar. A emoção é muito grande, não estou cabendo dentro de mim mesmo. Achei até que era pegadinha de primeiro de abril. A vida é assim, notícias boas e ruins acontecem. Vou fazer o máximo para honrar o nome do clube, da minha família e do nosso estado. Estou tipo gente grande aqui, é muito legal. Meu objetivo é ser lembrado para a Copa do Mundo e oferecer o título mundial para os moleques de rua. Vou trabalhar com afinco, sem derrubar ninguém. Não sou calculadora, mas eu vou para somar”.
FONTE: Texto superesportes e Foto Uol
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